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Hoje é dia de Reis, e segundo reza a história bíblica, foi por esta data que chegaram os Reis Magos a Belém, vindos do Oriente, para adorar o Menino Jesus. Em Portugal, há várias tradições que se praticam neste dia. O Bolo Rei apesar de ser consumido durante toda a época festiva, tem o seu pico neste dia, ou não fosse o dia com o seu nome. (Sabiam que na altura da implantação da República este Bolo teve que temporariamente ser denominado Bolo de Natal e ainda houve uma vã tentativa de lhe mudar o nome para Bolo República?). Felizmente há tradições que nunca mudam, apenas se retirou o brinde e a fava, mas o resto mantém-se intacto. Há também outras opções como o Bolo Rainha e outras inovações da Pastelaria. Nos sítios mais tradicionais cantam-se os Reis de porta em porta, e são oferecidos petiscos e bebidas. Associado a este costume também se cantam as Janeiras.

Em Espanha, é hoje que se dá a troca de prendas, e é aqui que entra a minha inveja branca. Porque por cá, os Reis são sempre uma seca, não gosto de Bolo Rei, e é o dia que marca o fim do Natal e toda a época de festas, e quando se deve desfazer a árvore e retirar tudo o que é enfeite natalício. Fico triste, gosto de tudo o que é motivo para festejar, e o Natal é sem dúvida uma das épocas que mais gosto por todos os motivos e mais algum. Então este ano, decidi cumprir a tradição de Reis e compor esta deliciosa coroa de Reis, (já que cá por casa o Bolo Rei por mais bonito que fique na mesa, ninguém o come). Come-se então a romã, (um dos meus frutos preferidos com uma simbologia muito interessante) que segundo a tradição deve ter a coroa com 7 pontas, para dar sorte e dinheiro o resto do ano.

 

Quanto à árvore e ao presépio minimal e restante festa, ficam até pelo menos amanhã, para que seja feita a devida despedida. Sou pelo rigor das tradições, abro as prendas no dia 24 à meia-noite, não antecipo a montagem das decorações de Natal, faço tudo certinho dia 1, porque realmente é o que faz sentido, porque apesar de todo o esforço comercial, o Natal só começa em Dezembro. Proporcionalmente, todo o entusiasmo que tenho no início de Dezembro se transforma em melancolia no início de Janeiro. Passa tudo muito rápido, com a azáfama das prendas e o andar de um lado para o outro, de quem tem família longe, quase nem se aprecia a magia e beleza da época.

 

Ainda assim, o Pai Natal ou o Menino Jesus, conforme a tradição que prefiram, foram generosos comigo, quando se chega aos 30 as expectativas diminuem no que toca às prendinhas. Mas este ano não tenho do que me queixar.

Mimos que me encheram o coração e muito práticos, nem todos são descritos, porque já estão ao uso ou foram consumidos. Passo então a descrever:
Vinyl do David Bowie (um dos meus cantores preferidos), Travessa vermelha da Bordallo Pinheiro, Livro do Fernando Pessoa (Amo como o Amor Ama), Necessaire da Womans Secret (adoro o padrão), a super original lata que parece um livro, para guardar as recordações de viagens, Sabonetes com cheirinho para perfumar a roupa, em forma de sapatinhos e rosa, uma bolsa e uns brincos da Parfois, um conjunto de brincos Primark, um Petit Robe Noir da Guerlain, um conjunto SPAL de chávenas de café com poemas de Pessoa, uma bolsa feita à mão na perfeição para guardar os livros e uma recheada caixa de chocolates deliciosos vindos da Irlanda.
Adorei! Obrigada a todos os que se lembraram de mim, ficou ainda mais preenchido este Natal.

 

 

No final, resta-me desejar que comemorem este dia, comam bolo, ou romã, e divirtam-se num momento de felicidade e amor, porque sem estes ingredientes nenhuma tradição faz sentido. Esta quadra deixa-me particularmente sentimental.

Cátia Marcelino

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