Espaços públicos | Cidadãos vs. Arquitectos
Como arquitecta urbanista, acredito que a cidade deve ser pensada para as pessoas que a habitam. Os espaços públicos devem ser projectados como tal e conforme a sua funcionalidade e deverão oferecer ao cidadão comum os devidos equipamentos urbanos, para que a cidade seja funcional e acessível. Afinal de contas, é para isso que em Portugal pagamos impostos (e não é pouco).
Tenho assistido a vários erros, cometidos por profissionais reconhecidos da área. Por exemplo nos Programa Polis, (alguns projectos) realizados em várias cidades portuguesas.
Descaracteriza-se a paisagem urbana, retiram-se os espaços verdes, escolhe-se mobiliário urbano que não se adequa. Muitas das vezes, os arquitectos nem saem dos ateliers, para visitar a área de intervenção.
Julgo que é fundamental analisar e visitar in loco a zona de estudo que será alvo do projecto.
Infelizmente o que acontece, em algumas destas reabilitações, é que os espaços ficam novinhos em folha, com um ar limpo, saído directamente de uma revista de arquitectura, mas sem pessoas. Pessoas estas, que tinham os seu hábitos, a sua sombra de árvore, o seu banco de jardim, e esses espaços acabam por se tornar impessoais, e apenas de passagem, em vez de acolherem as pessoas que o costumavam frequentar, tornando estas requalificações num verdadeiro fracasso.
Em todo o caso, há situações de sucesso, e politiquices à parte, a Ribeira das Naus é uma delas. Era fundamental recuperar aquele troço que interrompia a comunicação com o rio, e dar continuidade a uma zona monumental como é a Praça do Comércio. A julgar pela quantidade dos que lá param, a prova foi superada.
Este problema não existe só em Portugal. É importantíssimo que à semelhança do que vem acontecendo noutros países da Europa, a população passe a ter participação mais activa e possa avaliar e opinar sobre o futuro da sua cidade.
Deixo-vos este exemplo da Cidade de Nova Iorque. Um TED que vale a pena ver.
Cátia Marcelino
Espaço Público , TED , Urbanismo
