Comes e Bebes

Comer fora #14 | O Bairro do Avillez

29 Dez , 2016  

O Bairro do Avillez  é a mais recente das pérolas de José Avillez, em Lisboa. Localizado na Rua Nova da Trindade, bem central, está aberto 12 horas por dia e é visita obrigatória para quem está ou vem à cidade.

 

 

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O espaço cujo conceito é original, foi totalmente pensado e concebido à medida, em conjunto com o próprio Chefe e outros “artistas” nomeadamente Joana Astolfi, cujo trabalho admiro imenso. É perceptível em todos os recantos, que nada foi deixado ao acaso, desde o pormenor do azulejo na sala, passando por tantos outros recantos que caraterizam este lugar. O “Bairro” divide-se em duas áreas distintas, a Taberna e a Mercearia são um, o Páteo é outro (neste o horário é diferente).

 

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No primeiro, Mercearia, além de apreciar alguns dos melhores produtos nacionais, entre iguarias e vinhos, é possível comprar e levá-los para casa, tal como aos livros ou outras curiosidades.

 

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Das duas vezes que lá fui, escolhi a Taberna, para poder experimentar e partilhar mais variedade pois na respectiva carta, é possível provar maravilhosos petiscos de inspiração portuguesa, com os sabores que conhecemos, mas feitos de uma forma especial, como só Avillez sabe. O ambiente é descontraído e informal. Embora conte voltar para experimentar o Páteo onde o ambiente é ligeiramente mais pomposo, a carta composta por pratos mais completos e as mesas são maiores e mais reservadas.

 

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Abrimos o jantar, com o guloso couvert, composto por manteiga dos Açores, azeitonas marinadas, pão e broa de milho. Para beber escolhemos uma Superbock artesanal, selecção 1927, Czech Golden Lager. Uma experiência que se manteve durante o restante jantar.

 

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Seguiu-se uma difícil escolha, onde pudemos contar sempre com a ajuda da gentil colaboradora, que nos guiou durante todo o jantar. O cornetto de carapau era incontornável, depois de experimentar os do Mini Bar, este também teria que ser alvo de degustação. Cada um comeu o seu.

 

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E o que podemos dizer sobre isto? É que vale mesmo a pena, o crocante do cone, o picante dos pickles e a frescura do peixe, torna este pitéu, numa deliciosa experiência.

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Logo a seguir, provámos as afamadas azeitonas explosivas, que confesso, são boas, mas ficaram aquém da minha expectativa. Estão muito bem conseguidas, mas o azeite assim, não é o meu forte.

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O polvo foi o senhor que se seguiu e que maravilha! Com alho, molho kimchi e batata doce, uma excelente combinação e uma das melhores experiências da noite. Sou suspeita, devota apreciadora de polvo, garanto que estava muito bem feito. Escusado será dizer, que adoro o tachinho de ferro onde veio servido, em cima da mesa de mármore, totalmente “taberneiro style”.

 

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A simplicidade nestes casos, torna as coisas mais autênticas, ainda que seja um espaço novo, remete-nos para o genuinamente tradicional. Com uma apresentação singela e eficaz dos pratos.

 

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Por falar em tradicional, palavra que combina com cozido à portuguesa, que dá recheio à empada que pedimos, “a portuguesinha”. Eu nem como cozido, as couves não me seduzem, desde miúda, mas esta empada convenceu-me. Foi o meu marido que pediu, adora. Mas, curiosamente a menina que nos atendeu, padecia do mesmo “desgosto” que eu, em relação ao cozido, e avisou-me que podia pedir à confiança e não me iria arrepender. Valeu a pena. A massa tem a consistência certa, para o recheio farto que envolve, a mostarda não é fundamental, mas cai bem.

 

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O fã de croquetes, que me acompanha por esta vida, não resistiu e também mandou vir os croquetes de novilho com mostarda e pickles. Eram bons, mas não eram excepcionais, para mim que não sou entusiasta e para o apreciador também, o sabor é bom, mas tornam-se secos, apesar da mostarda. Não vamos querer repetir. A apresentação é apetitosa, sem contestações.

 

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Não ficámos por aqui. A “obesa da cabeça”, simpática alcunha que o meu maridinho querido, gosta de me colocar, já que o meu apetite voraz é muito mais psicológico, do que físico, levou-me a pedir o leitão em bolo do caco. Pareceu-me muito bem, aquela combinação, “badochice dupla”. Escapou-me o pickle de algas, pois aquele tipo de algas, não me agrada mesmo. Estava bom, mas ficou aquém, pois contava que fosse mais “Wow”.

 

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O balanço é extremamente positivo e convida a voltar mais vezes. Foi o que fiz passado umas semanas, num almoço prolongado com uma amiga, que tinha vontade de conhecer o BA. Repetimos alguns dos que vos falo acima, dignos de destaque, acrescento essencialmente o caramelo salgado e o bolo de chocolate! Oh sim, maravilhosos.

Algo de bom, de português, que acrescenta valor ao roteiro gastronómico Lisboeta.

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