Viagens

Tezturas dos fins de semana (prolongados) #2 | Rota Vicentina e Vila Nova de Milfontes

28 Jun , 2015  

Enquanto não chegam as merecidas férias, vamos saciando a vontade com umas escapadinhas até aos sítios bonitos do nosso país. Quando chega a altura de decidir o destino, embora goste do campo e da montanha, o preferido é sempre praia, e portanto, lá fomos a caminho da Costa Vicentina.

Eram poucos dias, mas a coisa prometia. Calor, praias de tirar o fôlego, tempo para passear, para ler, vontade de comer gelados, marisco e peixe fresco. A perfeita receita para se alcançar esse famoso conceito “sopas e descanso”.
Comecemos pelo Sul, Odeceixe, espreitámos as vistas e jantámos num restaurante simpático da pequena aldeia, “O Chaparro”, a açorda de marisco e o atendimento foram bons, mas pareceu-me demasiado turístico, o que os pode levar a descuidarem-se um pouco na qualidade da comida.
Aqui, a praia é o ponto forte, classificada como uma das 7 maravilhas das praias portuguesas, é lindíssima e merece esse título. A sua paisagem pode descrever-se como um género de ilha entre arribas de xisto, e um mar por vezes revolto e uma ribeira calma para relaxar ou aproveitar para levar os pequenotes.

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// ROTA VICENTINA
Rumámos a norte, com destino a Almograve, onde iríamos dar início a um dos percursos da Rota Vicentina.
Conheci este projecto através do Hike and Surf Lodge – alojamento de Vila Nova de Milfontes – que nos convidou a irmos ver de perto do que se tratava, e onde nos explicaram a importância deste projecto (Rota Vicentina) para a sustentabilidade e preservação da região.

Tal como há dias expliquei aqui, é fundamental vocacionar o turismo, para a natureza, para que esta se preserve original e intacta. Ideia defendida também pela Rota Vicentina – “a beleza da paisagem, o património natural, histórico e cultural, os recursos turísticos e a natureza pública dos caminhos, foram os principais critérios seguidos no processo de escolha do traçado, composto por caminhos existentes e formado pelo Caminho Histórico e pelo Trilho dos Pescadores, dois itinerários que se complementam revelando a verdadeira essência do Sw de Portugal.”

 

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Essencialmente são uma estrutura pública definida por percursos pedestres, que atravessam todo o Sw de Portugal. Estas rotas pretendem-se afirmar como uma característica definidora da região, através da prática da caminhada – e contribuindo de forma inequívoca para a manutenção sustentada do universo rural, através da dinamização da actividade económica, estimulando as actividades e serviços já existentes, mantendo e reforçando as tradições e cultura locais, icentivando a criação de novos negócios e promoção do destino fora das épocas de maior afluência.
E a verdade é que está a ser um sucesso. Segundo apurámos junto do Hike and Surf Lodge – que apadrinha uma das etapas desde Almograve até à Praia do Malhão – é que têm recebido turistas caminheiros, dos mais variados pontos do mundo, desde América do Norte à América do Sul, vários pontos da Europa, e Sul da Ásia. Este é o tipo de turismo que nos interessa, um  “não” ao turismo de massas em prol de um turismo de sustentabilidade, que procura usufruir do que está região nos tem para dar em bruto, estes sim, são na minha opinião projectos de interesse nacional.

 

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Depois de conhecermos o projecto, escolhemos o Trilho dos Pescadores, em concreto o circuito circular das “Dunas do Almograve (PR1 ODM)”.

Foram recentemente inseridos na Rota estes percursos circulares, que permitem a quem está apenas de passagem e de carro, fazer uma caminhada voltando ao ponto de partida. No entanto, há várias hipóteses de transportes, desde que devidamente agendadas.
Foi muito agradável realizar este percurso e poder constactar as diferenças e a diversidade na fauna e na flora, nesta zona convergente entre o litoral (da praia) e o meio rural adjacente, característica única desta região que tanto atrai caminheiros de todo o mundo. As imagens falam por si.

Praia do Almograve, Praia de Nossa Senhora, e a Foz dos Ouriços, entre outros registos das texturas bonitas que encontramos pelo caminho.

Este é um dos muitos percursos, conheça os restantes aqui, e visite-os.

 

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//HIKE AND SURF LODGE
O dia já ía longo e chegámos a Vila Nova de Milfontes, ao nosso excelente alojamento, para tirar o sal da pele e descansar por alguns momentos. Se decidirem ir para estes destinos, recomendo-vos o Hike and Surf Lodge, um espaço onde nos sentimos em casa, os donos são verdadeiros anfitriões e estão ao dispor dos hóspedes que por ali passam. Descrevem o seu espaço como um ambiente fresco, jovem e acolhedor. Fica mesmo no centro da Vila, e pode-se optar entre ficar num quarto duplo com varanda, numa suite com mais privacidade, ou numa das seis camas da camarata, com cacifo individual e terraço.

Optámos pela suite, muito agradável e acolhedora com uma zona de estar e leitura, um wc muito fresco, a área de dormir, onde encontrámos uma cama super confortável – era mesmo o que precisávamos naquela noite.

 

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O Hike and Surf Lodge fica próximo das praias de Vila Nova de Milfontes e da foz do rio Mira, e é o ideal para quem procura apenas um sítio para pernoitar e recuperar forças para mais um dia de caminhada, como para passar férias e porque não, tentar a especialidade da casa: surf e SUP, na certeza de estar em boas mãos, ou não fossem os proprietários do hostel gerentes de uma escola de surf.

 

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O Hostel tem também uma cozinha equipada, um simpático pátio com duche exterior, zona de refeições e barbecue, wi-fi gratuito e uma sala de estar comum com computador e lcd. Este alojamento é à medida, para quem aprecia o convívio e a troca de experiências das suas viagens.

 

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//GASTRONOMIA
Além de bom alojamento, Milfontes, tem outros atributos, nomeadamente bons restaurantes, onde além do peixe e marisco fresco, dada a sua localização próxima do mar, tem também comida alentejana, daquela mesmo tradicional.

A conselho dos nossos anfitriões, que prontamente nos ajudaram na reserva, fomos jantar ao Restaurante Pátio Alentejano, que fica logo ali ao lado.

 

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Gostámos muito! Comemos uns deliciosos percebes, tão frescos e gulosos, que nem tiveram tempo de aparecer na foto. Escolhemos o bacalhau assado e outro prato de carne, no entanto, fomos aconselhados a pedir só um prato, pois as doses são bem servidas. Nem conseguimos terminar. Fizemos um esforço final para a mousse de chocolate caseirinha, e um brinde de encerramento com aquele medronho – também caseiro – que ajuda à digestão (oferta da casa). Uma simpatia no atendimento e doses generosas, de uma comida bem confeccionada e gostosa.

 

//VILA NOVA DE MILFONTES
No dia seguinte fomos conhecer a vila. Que sol radiante e cores maravilhosas podemos apreciar nesse passeio. Mais do que um ponto de passagem a caminho de outros destinos, Vila Nova de Milfontes é um “must-know”. Eu própria, desde miúda, só conhecia de passagem, e fiquei agradavelmente surpreendida com o que vi.

A arquitectura que nos rodeia é tipicamente alentejana, e deu-me uma grande satisfação ver como permanece intacta, como as pessoas preservam estes traços nas suas casas e espaços comerciais. É visível a preocupação em conservar o original, o que torna Milfontes numa vila extremamente atractiva e tradicional, muito característica. Fiquei bem impressionada. Apeteceu-me fotografar tudo, todos os pormenores e todas as texturas que apareciam no meu caminho. A ermida, a igreja, a casa pequenina, a barra azul , a cal, a chaminé, a janela, o forte de São Clemente, todos clamam a nossa atenção. Numa paisagem urbana adorável, as cores predominantes são sem dúvida, o branco e o azul. Aqui sente-se o Alentejo.

 

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Por fim, fomos espreitar o Rio Mira, outro tipo de registo, neste caso natural. Somos invadidos por um imenso azul claro, digno de postal, rodeado por um silêncio que nos deixa em paz e tranquilidade.

Ponto obrigatório para quem visita esta histórica localidade. O cais – recentemente recuperado – fica  logo depois do Forte, e pede que por ali se vagueie, a paisagem entre as duas margens e a curiosidade que nos desperta a conhecer o resto, são um bom cartão de visita. É possível ainda, a partir dali, atravessar para a outra margem, ou simplesmente contemplar a paisagem.

 

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Bem perto, fica a praia do Farol, outro ponto de interesse em Milfontes, e o Porto das Barcas, o porto de pesca, onde se pode encontrar a génese da actividade piscatória e a essência da Vila.

Após este inesquecível passeio, despedimo-nos de VN de Milfontes – já com vontade de regressar – e fomos à procura de almoço pelo caminho, para descobrir mais um pouco dos tesouros da Rota Vicentina. Espero que fiquem com curiosidade de conhecer o Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina, percorrer os trilhos da Rota Vincentina, e quiçá fazer uma aula de surf ou sup, e ficar no Hike and Surf Lodge.

Cátia Marcelino

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